Absurdidades


Não consigo prosseguir ser saber a luz [no fundo]
Parece que o silêncio é por vezes tão profundo
que nem deixa ver as brechas por onde fogem futuros.
Há tanta devastação, tanta sombra, tantos muros!
Eu fico tentando a luz
mas ela se esconde sempre atrás [das ruínas] do mundo.
Eu devia ser sossego-comodismo-calmaria,
mas acontece que não.
Tudo me soa opressão,
egoísmo, improbidade.
E toda essa demasia é minha grande ansiedade!
Onde as leis da criação?
Que absurda sociedade!
Há nuvens de mil fumaças, há névoas que não dissipam.
Infinito, imensidão...
A paz é sempre tão longe, a verdade tão instável,
A dúvida é tão bastante!
Porque, se amar é importante, o amor é assim tão frágil?

E tudo quanto mais vejo,
mais eu oro-desamparo, susto e surto [inconclusão]
O mundo muda ou eu mudo?
Em qual dessas devoções está o sentido de tudo?
É assim que eu descompasso, desamparo, agitação.
Quanto mais eu quero luz,
mais desfaz-se a claridade!
E gritam na escuridão da minha memória e[x]terna
milenares profecias
e segredos e mistérios
que eu queria
[humanidade]



(Há tanta coisa que penso...
e a esse mundo que espero
eu já nem sei se pertenço.)





Helena Chiarello

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