Desconforme



Eu não entendo a onda
quando as arrebentações corrompidas
engolem a boa vontade.

Eu sonhava o verbo exato
pra acordar o sal antigo
desses mares agoniados por desatitudes,
e queria mesmo saber milagres
de ar, de águas – vivas e vidas – tantas (!)
só dizendo amor, cuidado
                   e outras palavras santas.

Mas compactuo silêncios
e escoo meus bons intentos
nos escombros consentidos
que sufocam azuis.

Eu não entendo a onda
que afoga o entendimento
do que era pra ser sagrado.

                   (Uma culpa sobe à tona,
                   mas não inocenta o pecado)

E seguimos ”humanidade”,
consumando tudo em volta
“à nossa imagem e semelhança”.

...

[Mas em algum lugar deve haver um nome pra dizer - Respeito.
E um gesto qualquer pra dizer - Esperança.]




Helena Chiarello

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