The answer is blowing the wind...

Foto: Helena Chiarello - arquivo pessoal

Há uma impressão que percorre a calma
trazendo intensa sensação de espreita.
A intuição avisa, o coração pressente.
Perguntas pairam no rugir das mentes
criando sombras a espiar dos vácuos.
As respostas, incenso-as e as lanço ao vento.
Mas há que ter cuidado, a aparência é dúbia.
A imaginação é o mais imperfeito reflexo 

da emoção capciosa e inadvertida
e impõe à razão um estar de desatino.
A verdade perde-se na invídia.
Não pretendo aquietar da curiosidade o esgar.
Mas deleito-me no prazer do que digo,
não por cortesia, mas por vaidade pura:
tremo de inspiração e poiesis,
nem sempre de felicidade ou dor.
Não é ilusão o que exponho,
nem tão real a que me entorpeça os pés.
Escrevo sim a paixão e o amor

como quem desenha círculos no ar,
a espiralarem-se nas mesmas metáforas
nas quais os concretizo em lógicas absurdas.
Sigo em frente a apascentar meus sonhos
e poetizo-os para instigar incômodos.
A quem me lê, oferto a dúvida.
Que acolham em palavra e verso
as mais puras e perfeitas incertezas.
Não tenho o dom de dissipar quimeras.
Antes, alimento o mito e sustento a fé.
Cerro os punhos e adoço a voz.
Renovo o espanto, sorrio e sigo.
E aceno um gesto, em calma branca,
a cada olhar que vocifera,
a espreitar, por trás das portas...



Helena Chiarello

4 comentários:

Raquel Oliveira disse...

Sou sua fã...
Sem palavras...
Bjos

Raquel Oliveira disse...

Tudo que é bom devemos multiplicar certo?
Quando tiver um tempo entra neste blog: www.portalpoesia.blogspot.com
tenho certeza que vai amar.

bjos

chica disse...

Essas dúvidas e incertezas nos fazem refletir e esse pensar, nos leva ao conhecimento mais profundo de nós mesmas e do que queremos. Lindo, Helena! um beijo e ótima semana!Chica

Ellen Veloso disse...

Muito interessante, Helena! Eu gosto de falar de mistérios, de instigar, sugerir, brincar... assim como você, brilhantemente, fez aqui. O leitor é sempre o que espreita atrás da porta, tentando conectar palavras, versos, poesias... talvez pela necessidade que temos de sentir o todo, de descobrir a essência. E aí mora o mistério, a magia, o encantamento! Meus aplausos...