Abstração

Foto: Helena Chiarello - arquivo pessoal
Às vezes me vejo assim,
alheia à compreensão
desse imenso espaço
entre o pensamento
                          [quase palpável]
e a palavra que falta.

Insisto a concretude

dos tantos devaneios,
ausento-me dos ruídos
e mergulho a vontade
nessa distância
                          [quase inatingível]
que separa o imaginário
de tudo o que quero verbo.

Mas a palavra voa,
fugaz como um sopro,
leve como a brisa,
frágil como um suspiro
                          [quase inevitável]
que se solta devagar.

É assim que me deixo aqui,
olhando a chuva calada
cortinando a varanda,
regando uma inspiração
                          [quase impossível]
que me falta como o sol.

Soletro absurdamente
cada pensamento,
e um poema
                          [quase insuportável]
se agiganta aqui no peito
à medida que me falta a voz.

                          Mas há dias assim,
                          de palavras inabaláveis.
                          E de mãos caladas,
                          quando se tem tudo a dizer.


Helena Chiarello

9 comentários:

chica disse...

Esse veio do fundo...Que maravilha,Helena!!!Inspiração profunda e maravilhosa. Li e reli e ME ENCANTEI...

BEIJOS,TUDO DE BOM, ÓTIMO TE VER!

um beijo,tudo de bom,chica(bons trabalhos, imagino que devem estar à milhão!)

manuela barroso disse...

...É sempre um fascínio ler a tua poesia. Jogas e brincas com as palavras onde as ideias se debatem para te encontar.Porque hoje, essa chuva calada,encontrou eco aí, aqui, e em vez de regar o pensamento,contorna, obstruindo as ideias.
Uma poesia terna, que me remete ao silêncio para te ouvir! Que se cale o som da chuva, porque preciso, prefiro ouvir a música do teu poema!
Minha querida Heleninha, como sempre, a tua poesia é longa!!Linda!
Um abração enorme para ti!
Bjissssssss

manuela barroso disse...

Ah!
E saudades! Muitas saudades!
Terno abraço, minha querida!

Leninha Brandão disse...

Helena muito amada,

Aqui também a chuva cai e tamborila na janela,numa melodia monocórdica e triste...viste o filme "O som do coração"?Pois esta chuva está a me conduzir a antigos recantos de minha alma,a lugares ainda não visitados,apenas sentidos.
Não posso vê-la,só senti-la e escutá-la e,após um dia de sol pleno,não consigo imaginar um dia cinzento.
Teu poema me conduz e me encanta,és uma encantadora de pessoas,sabias?Lindo,pleno e carregado de melancolia...estou certa,amiga?
Bjssss para meus dois queridos,
Leninha

Anne Lieri disse...

Helena,vc sempre me encanta com suas poesias!Ficou linda essa abstração!Bjs,

Maria Helena Sleutjes disse...

Um momento rico, pleno de poesia, quando somos nós mesmos a passear pelo mundo.
Bjos

Evanir disse...

Te deixo muita Alegria, Muita paz, Muita energia e meu eterno carinho por você!
Vc é muito especial para mim Existe um lugar onde tudo é possível.
Onde o amor é verdadeiro. Onde não existe um preço a pagar.
Onde tudo se conquista, nada se compra. Onde os dias são calmos e só se ouve verdades.
Obrigada por tudo por essa amizade linda que me dedica.
Estou retornando devagar conto com
sua presença no meu blog sempre que for possivel.
A novidade linda e maravilhosa que tinha para contar
é que serei em julho bisavó isso ñ é maravilhoso?
.•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*•.¸¸.•*´¨`*.*...*...*
Que Deus te abençoe sempre .
um lindo final de semana.
Evanir.
Estou seguindo-te e te amando para sempre .

manuela barroso disse...

E voltei para ouvir de novo a tua música!
Saudades
Terno abraço

Anderson Fabiano disse...

Stella mia,

O mergulho na abissal dimensão que separa o silêncio dos verbos é condição inadiável para identificar os raros.

Soletro então seu nome e me agiganto ao saber-me uma pequena parte desse seu grande todo.

... É simplesmente impossível não amar você!... e pensar que ainda tenho tanto a dizer...

Fico então, entrincheirado na segurança do meu providencial silêncio e reverencio sua raridade com um simples (e sincero)...

Amo você, Poetinha!

Barba