Distâncias

Foto: Helena Chiarello - arquivo pessoal

Nas cercanias desse lugar acanhado
alguma coisa amotina a brandura.
Um esvaziamento evoca pretéritos,
e na euforia da esperança,
cada vulto de certeza se arrebenta
na desmemória do futuro.
Tudo se move,
mas tudo o que se move
parece acentuar ausências.
A vontade é solitária. Longe e despovoada.
Depois, essa cava involuntária,
esse desassossego imposto  pelo silêncio
do convívio que me percebo sob.
Da boca ávida por palavras,
o grito convulsa e sai sussurro.
Há um riso, sim.
Ele cisma de antecipação e promessas,
mas se deixa morrer baixinho,
num canto qualquer de cada afeição transeunte.
Esse não-lugar é quase dor.

Faço medo.
E de [a]braços vazios,
me calo na estranheza
de não saber como sair incólume
dessa solidão estrangeira.


Helena Chiarello

3 comentários:

gaivota22 disse...

Minha Amiga do Coração...
Uma Montanha de saudade me sacudiu hoje... e aqui estou a ler você... Tua poesia preenche os vazios que a saudade cava... É Terapia para meu todo holístico...

Saudade de Você!!!!!! V!V!V! Todas elas para você! Beijos mil!

Maria Lucas disse...

Ainda bem que passei por aqui. O teu talento ainda te acompanha e irá fazê-lo para sempre...para a nossa sorte. Mil beijos

José Leite disse...

Um talento sempre a desabrochar mais solto e mais pujante1 Parabéns1