Mudez

Foto: Helena Chiarello - arquivo pessoal

Tenho um coração lotado
de coisas que eu nunca digo.

Amedronta-me a resposta
como lâmina afiada
suspensa entre a voz e o não.

E a razão,
por um fio.

A palavra em agonia
é um sopro emudecido,
é uma dor,
um gemido,
um murmúrio,
um quase nada!

O olhar, baço e vazio,
nega,
esconde em desvario,
num gesto inerte e aflito
os erros do que acredito
e a verdade que avassalo.

E o peito quase rasga
de tudo o que eu penso em grito.

E desesperadamente eu calo.


Helena Chiarello


10 comentários:

chica disse...

Por vezes temos tando a dizer dentro de nós que é melhor calar... LINDO!! beijos,tudo de bom,chica

Leninha Brandão disse...

Minha querida Helena,

Que delícia te ver e te ler novamente!

Todos nós temos este grito preso na garganta que nos rasga o peito, dói,
judia e aflige.

Mas nos calamos e, em privilegiadas pessoas, se transformam estes silêncios em inspirados poemas.

Muito lindo, amiga!

Bjssssss,
Leninha

manuela barroso disse...

Minha querida!
Ler-te é uma inesgotável fonte de inspiração onde todos os pensamentos mergulham para refrescarem memórias ou afogarem cansaços. E seja qual for o mergulho, acordas a alma para as perguntas da vida que tantas vezes ignoramos. E porque não suspender as palavras quando um sopro de olhar satisfaz nossa inquietude?
Pousar os olhos nos olhos, pousar a agonia na vida, pousar a pergunta na confiança. Depois, esperar a alegria no murmúrio de tão doce e bela poesia!
Maravilhoso queridaminha!
Aquele abraço!:)

Anderson Fabiano disse...

Stella mia,

Creio estar diante de mais uma obra prima. Você é inesgotavelmente poeta. E aos poetas, poesias. Assim, paixão minha, permita-me deitar aqui um coment, como poesia, inédita e inevitavelmente sua.

Ecos

Ouço gritos
Paridos nos porões
Da alma conturbada
E corro...

Braços estendidos,
Cúmplices
Que tateiam nas paredes viscosas
Do nada, do sempre, do nunca...

Chicotadas indevidas
Ardem-me nas costas
E a escuridão emoldura
Meu desespero.

Encontro suas mãos
Trêmulas, suadas, com medo,
E seus olhos sorriem
Por baixo da última lágrima.

Cedo meu ombro
Beijo sua boca
E seus gritos são,
Enfim,
Apenas novos gemidos de prazer.

Amo você, Poetinha.

Barba


Anne Lieri disse...

Helena,que beleza sua poesia!Pena que não dá pra levar lá pro Recanto dos autores junto com a do Fabiano.Ficaria lindo!Bjs e boa semana!

manuela barroso disse...

Uma troca de amor
Uma jura de almas gémeas!
Que mais dizer, stela mia?
Belo demais!
Teabraço

Ana Miranda disse...

Um silêncio "ensurdecedor"...

Uma mudez gritante...

Linda poesia, Helena!!!!

ALUISIO CAVALCANTE JR disse...

Querida amiga

A beleza
fez morada
aqui...

Que amar seja para ti
o objetivo de cada instante.

manuela barroso disse...

Minha querida,
Vejo que o tempo rema muito depressa!
Mas hoe venho além de mais fazer um convite à leitura cujo selo alusivo está no blog onde se encontram os procedimentos a seguir.
Não teráas tempo. Mas podes passar por lá!
Aquele abraço carinhoso, querida

Maria Lucas disse...

Fiquei fascinada com a tua poesia. Lindo!